Fábulas

O Escorpião e o Sapo

– Baseada na Fábula de Esopo –

 

Quando houve um grande incêndio

Daquele outro lado,

Os animaizinhos se uniram

Para escapar do mau fado!

 

Até o senhor Coelho,

Que era um tanto arisco,

Ganhou carona nas costas

Da tartaruga Chuvisco

 

O escorpião Rabugento

Corria pra todo lado,

Ninguém dava carona

Pro danado peçonhento.

 

Gênio, o sapo sabido,

Começava na água entrar,

Quando Rabugento suplica

Pra nas suas costas pular

 

O sapo então lhe fala:

“Sou muito desconfiado.

Não posso servir alguém

Que amigo não é de ninguém”

 

O ermitão choraminga:

“Oh! Fico aqui abandonado;

Nunca tive um amigo

E morro agora queimado!”

 

O sapo muito piedoso,

Mesmo contra sua vontade,

Oferece suas costas,

Dá carona ao venenoso

 

Porém, no meio do lago,

Superada a primeira emoção,

O sapo sente a picada

E o veneno da traição

 

“Rabugento, que fizeste?

Agora morreremos os dois,

Tão profundo é este lago

Pra nós não haverá depois!”  

 

“Sinto muito, senhor sapo!

Não evitei tal proeza,

Pois, envenenar os outros,

É a minha natureza!”