Então é assim, ela vem de mansinho…Dó, ré, mi…
E vai tomando forma e formas.
Sol, lá, si…
Como a neblina, suave e fina cobre a grande montanha, envolvendo-a completamente, sem rota de fuga, assim é a música. Não qualquer música, mas a música que nasceu no coração de um poeta, de um artista, um escultor.
Poeta porque consegue juntar com sentimento e delicadeza, notas tão singelas e simples, de tal forma e com tal talento que ela nos fala, sem dizer uma só palavra, e nos faz entender e sentir coisas que nenhuma palavra poderia expressar.
Artista porque o que dizem essas notas é Belo, na sua simplicidade e complexidade. Possui as cores tranquilas de um pôr do sol, ou as penumbras de uma solidão. O assovio de um passarinho, o ribombar de um trovão! E juntando as pequenas e simples notinhas cria cenários, viagens, grandes quadros que nos levam ao mundo mágico e fantástico da nossa imaginação. Transportam nossa mente a um lugar único e particular, onde encontramos nossa própria alma, que transborda em emoção e deleite.
Escultor… Com destreza e com habilidade de um artesão, com essas mesmas simples notas musicais, constrói valentes, desbravadores intrépidos, verdadeiras sagas heroicas. Mas também entalham a suavidade de um amor maternal, o idílio dos amantes e até mesmo os folguedos de uma criança.
Que seria do mundo sem a música?!
Não a música vulgar e inexpressiva, que não constrói e tampouco toca o coração.
Que seria do mundo sem a música?!
Provavelmente a montanha por ausência da neblina, se tornaria árida e desolada, e o mundo sem a música se tornaria insensível e cruel.
Música é vida. Música é um país distante do qual temos saudades, mas que podemos visitar quando desejarmos. Basta fechar os olhos e ouvir a melodia.
Deixar que ela nos transporte em seus acordes, fazendo-nos sonhar em sua harmonia, pensar com sua santidade, arrepiar-nos com sua pujança, chorar com sua melancolia, rir e dançar com sua alegria.
Amo a música. Ela é uma doce e compreensível amiga. É também a Pátria dos sensíveis, apaixonados… dos sonhadores! !!
Quando se está alegre, e o coração quer gritar, explodir, é a música que consegue traduzir toda emoção que o pequeno órgão pulsante não consegue exprimir. E ela vem volumosa, como um rio caudaloso em época de monções, ocupando espaços, mudando a paisagem, fecundando a terra. Toca a todos que a ouvem e faz com que todos compreendam a alegria do pequeno coração que a cantou!
Se por outro lado é a tristeza que chega, de mansinho, sorrateiramente ou bruscamente como uma mudança drástica no tempo, transformando o céu azul sereno em cinza escuro de borrascas. E chegando assim, a dor do sofrimento comprime o peito, espreme a alma até que os olhos transformem em lágrimas o dolorido momento, e elas transbordem, anuviando a vista e nublando o coração.
Então, é a música que consegue acalmar o coração dolorido, falando com ele uma linguagem de amor, trazendo esperança e estancando convulsões. Com ela, mesmo que o céu não seja anil, a tempestade não será tão desoladora. A música é a amiga que ouve, fala, traduz.
As crianças são suas melhores amigas, cantam, dançam o tempo todo. A música faz parte da essência de um petiz. Mesmo que, por alguma arte, fique sujeito a um castigo, logo verás a criança cantarolando, pois a música lhe fará companhia e lhe dará consolo durante a disciplina.
Assim é a música, inspira, transforma, conforta.
Dó, ré, mi… Sol, lá, si….
Que seria do mundo sem a música?
Um lugar desabitado pelo amor, poesia, paixão, romantismo, alegria e cor.
Amo a música!
A música que me conta história, que me faz rir, viajar, fala comigo e me comove. Estou bem certa desse amor pela música, e tenho certeza de ser correspondida.
E quando meus olhos se fecharem para sempre nessa dimensão terrena, se abrirão na dimensão celestial, onde a música habita eternamente em sua mais pura, simples e perfeita harmonia. Cantarei e dançarei as mais lindas melodias.
De tudo que se tem, conquista ou se aprende na Terra, somente a música nos seguirá para a eternidade. Tudo porque a música provém de Deus, é a linguagem dos anjos e toca o coração mortal do pecador. Como graça e dádiva divina, ensina sobre a eternidade ao coração finito.
Dó, ré, mi. ..Sol, lá, si. ..!!!
Não a maculem, não a transformem em barulho, não lhe impinjam sofrimentos distorcidos!
Deixá-la pura em sua essência, nos permitirá vislumbres do Paraíso, e a alegria constante da sua suave companhia!
Dó… ré… mi… Sol… lá… si.
