Crônicas

A ESTRELINHA FUJONA

Um Conto de Natal

Aconteceu numa linda cidadezinha, pequena que mais lembrava uma vila. Ali todos se conheciam, e, como todo lugar onde todos se conhecem, as amizades e as desavenças aconteciam na mesma proporção.

O que fazia com que a paz e a prosperidade continuassem existindo era o espírito de perdão que habitava o coração daqueles moradores.

Na cidade havia apenas uma escola, uma delegacia, um posto de saúde, e uma linda igreja na pradaria. A igreja ficava lotada nos cultos aos domingos e o pastor Neemias sempre trazia bons sermões falando do sacrifício de Jesus, do arrependimento pelos pecados e do perdão de Deus, que nos transforma em seus filhos amados.

O Natal se aproximava, e já era possível sentir no ar da cidade a alegria contagiante e festiva. A prefeitura incentivava a decoração das casas e a cidade se transformava num verdadeiro cartão postal, sem neve, pois ela não cai em um país tropical.

Sara, a professora da Escola Dominical, era uma senhora que pertencia a uma das famílias mais antigas da cidade. Era casada com Augusto, presbítero da igreja, e mãe de Sílvia, Anita, Carolina e o pequeno Josué.

No primeiro dia de dezembro, Augusto buscou no sótão a grande caixa com os enfeites do pinheiro de Natal e deixou sobre a mesa da sala. Naquele sábado à noite, a família reunida enfeitou o lindo pinheirinho!

Na segunda feira, quando Sara foi ao mercado do senhor Guilherme, não resistiu e comprou um lindo enfeite para a árvore. Era uma novidade, uma linda estrela que, conforme anunciava na caixa, tinha um brilho que aumentava gradualmente, até iluminar todo um aposento e suas cores variavam suavemente. Ela não resistiu e levou uma para substituir o antigo ponteiro, afinal o pequeno Josué havia derrubado e estava um pouco avariado, apesar de muito bonito ainda.

Na caixa havia a recomendação de depois de usada, a bateria deveria ser retirada, antes de se guardar o enfeite.

À noite, depois do jantar, Sara chamou a família e apresentou a novidade e todos ficaram felizes com a substituição.

Aquele Natal foi especial para a família, principalmente durante a ceia, pois toda luz que iluminava a sala era a do pinheirinho com seus pisca-piscas e sua linda estrela brilhante.  Foi maravilhoso cantar as canções natalinas e relembrar o presente divino, além da deliciosa comida preparada por Sara.

Bem o Natal passou e chegou a hora de desmontar a árvore e guardar os enfeites.

Mas algo inusitado aconteceu… E se passava no mundo dos enfeites.

A nova estrela havia avisado aos demais companheiros de decoração que não iria voltar para a caixa de papelão. Todos estavam preocupados com a decisão tomada pela Estrelinha. O Anjo de Vidro tentou argumentar que não seria seguro ela ficar sozinha, e que não era natural. A Bolinha Dourada disse que o repouso depois de tantas comemorações era recomendado. A Nevezinha de glitter disse que ela era muito nova, insensata nessa decisão. Não era permitido aos enfeites de Natal, passarem o ano fora de suas caixas.

Mas tudo o que a Estrelinha dizia é que eles eram tolos em voltarem para suas caixas e só saírem depois de um ano. Ela iria aproveitar o ano todo daquelas alegrias e festas humanas. Como eles nunca haviam pensado nisso?! Por acaso não gostavam do Natal?! Ou dos humanos?! “Olhem quanta alegria vocês estão perdendo!”, argumentava a Estrelinha.

Finalmente, quando Sara terminou de guardar todos os enfeites deu por falta da Estrelinha e ficou muito chateada. Procurou por toda parte e não a encontrou. A caixa levou uma semana para retornar ao sótão, na esperança de encontrarem a estrelinha perdida.

No seu esconderijo, a Estrelinha se preparava para um ano de festas, alegrias, muito risos e música.

Mas os meses foram passando e nada do esperado acontecia.

Havia muitos dias alegres, mas alguns muito tristes e ela não conseguia entender a razão.

Um dia ela presenciou Anita e Carolina gritando uma com a outra. Sara precisou falar asperamente com elas e depois levou cada uma para o quarto, avisando que seriam corrigidas e ela não toleraria mais aquela atitude.

Muito tempo depois, elas tornaram a gritar, parece que por outro motivo, e foram novamente para o lugar que a Estrelinha passou a temer, que chamavam “o quarto”.

Sílvia também foi severamente repreendida, porque chegou muito tarde de um aniversário, acompanhada de um jovem, novo na cidade, que não cria e zombava dos valores religiosos da família.

Tudo isso deixava a Estrelinha confusa. Não entendia para onde havia ido toda aquela alegria de quando ela havia conhecido aquela família e fora morar com eles. O quanto os alegrara com seu brilho.

Às vezes, havia festa e isso gerava esperança na pequena estrela. Eram aniversários dos membros da família, ou então reunião onde eles liam um livro, chamado Bíblia, cantavam e oravam.

Ela aprendeu a gostar imensamente dessas ocasiões, havia muita alegria entre todos. Palavras de conforto, segurança em alguém chamado Jesus. Esperança de sua volta. Ela aprendeu que Jesus era a pessoa mais importante naquela cidade e alguém aguardado, pois era um Rei.

Certa vez ela ficou muito confusa. Numa visita do pastor e algumas pessoas da igreja, onde cantaram e oraram, o pastor, depois de ler a Bíblia, falava que Jesus havia morrido e antes de morrer padeceu muita dor. Ela ouvia tudo de seu esconderijo, com vontade de chorar. Então o pastor falou de sua ressurreição, que ele estava vivo e que voltaria em breve. O que encheu de esperanças a estrelinha, que também começou a ficar ansiosa para receber Jesus.

A assim o ano foi passando e a Estrelinha se acostumando com os dias diferentes que se sucediam.  Às vezes semanas difíceis, onde havia muita tristeza, como quando faleceu a querida tia Clotilde. Ela era uma visita sempre bem-vinda, pois trazia doces, que ela mesma fazia para as crianças, e cortes de tecido para Sílvia e Sara.

Houve um dia muito especial. Aconteceu em novembro. Sílvia se formou em Direito. Seu pai sempre dizia que ela seria uma brilhante advogada. Foi um dia de festa e ela ganhou um lindo anel de formatura.

Por fim chegou dezembro. A estrelinha percebeu, porque notou uma mudança no ar. Uma alegria contagiante entre todos os membros da família.

Numa reunião de leitura bíblica, que a Estrelinha já percebera que acontecia toda quinta feira, o pastor falou da proximidade do Natal, da data do nascimento de Jesus, e que eles comemorariam com muita alegria.

A Estrelinha ficou exultante, pois estava naquele esconderijo há um ano. Iria voltar para o pinheirinho decorado e rever seus amiguinhos. Havia tanta coisa para contar.

Nesse momento olhou para si mesma e nem se reconheceu. Estava escurecida, coberta de poeira e uma aranha havia feito sua casa entre uma ponta e outra da estrela.

Ficou desesperada, como voltaria para a árvore?! Seria a vergonha do Natal!

Uma manhã viu senhor Augusto colocar a grande caixa de enfeites sobre a mesa. À noite viu a família reunida enfeitando o pinheirinho e a alegria que tomou conta daquele lar, que havia passado por momentos tão extremos durante todo o ano. Quanta esperança havia naqueles rostos, até o pequeno Josué batia palminhas olhando as luzes piscando.

E ela não podia participar e estava envergonhada da sua situação. Ainda ouviu Sara comentar como sentia a falta daquela estrela especial. Não havia mais no mercado, pois era importada, seja lá o que isso significava, ela entendeu que era única. Sara se sentiu feliz por não ter se desfeito do velho ponteiro, machucado pelo bebê. Agora ele fazia seu melhor na ponta do pinheirinho.

Quando todos foram dormir, ela tentou conversar com seus colegas, mas estava muito fraca, apenas a pequenina Bola Prateada a viu e conversou com ela. Soube de seu infortúnio e da tristeza de não estar na árvore.

Então a Bola Prateada deu um conselho. Amanhã, quando todos forem dormir e a Sara apagar as luzes, use todas as suas forças para brilhar o mais que puder, ela a verá nessa fresta e a resgatará.

E a Estrelinha fez assim.

Não foi fácil, suas baterias estavam muito fracas. Mas brilhou como nunca e a Sara viu aquele brilhinho num buraquinho da parede. Foi até lá pensando que era um vagalume, mas acabou acordando todos da casa, pois havia achado sua preciosa Estrelinha.

Todos se alegraram! No dia seguinte ela foi ao mercado e comprou baterias novas. Que funcionaram maravilhosamente e, depois de uma limpeza, garantiram à estrelinha fujona o lugar de destaque na árvore. Mas algumas manchas não saíram, marcando para sempre a experiência daquela estrelinha.

Na noite de Natal, porém, ela brilhou mais que da primeira vez. Todos acharam que era a bateria nova. Mas os enfeites todos sabiam, que aquela não era a mesma Estrelinha do ano anterior. Ela contou para todos o que aprendera durante o ano todo. E que a cada Natal iria brilhar como nunca, pois eles simbolizavam a esperança da volta do Rei que aniversariava naquele dia.

Ela aprendeu a lição, não seria desobediente, descansaria durante o ano e depois cumpriria a sua missão de brilhar intensamente, dando ao Rei Jesus um Feliz Natal!


Bem, não somos estrelinhas, que iluminam, brilham e alegram apenas no Natal de Jesus. 

Somos mais que elas, e Jesus espera que iluminemos a vida das pessoas, levando-as ao conhecimento do Seu amor, Sua Salvação e enchê-las da esperança da Sua volta.

Jesus disse: “Vós sois a luz do mundo” Mateus 5:14.

Então, não podemos ficar em frestinhas escuras, mas vamos brilhar!!!


 

Aos

Meus queridos

Sérgio, Renan, Helô e Roberto,

Um conto para vocês se distraírem, quando as coisas estiverem um pouco tristes.

Levem durante todo o ano o brilho de esperança da Estrelinha do Natal e brilhem também, com todo coração!

Marta (The Mom)

Crônicas

A Árvore de Natal e As Pessoas

Chegou o dia da querida árvore de Natal voltar para sua “casa”, a caixa de papelão.

Acordo bem cedo e, enquanto a casa ainda está silenciosa, preparo meu café e vou tomá-lo na sala, em frente dela.

Aproveito os últimos minutos, antes de o sol penetrar em minha casa, iluminando cada cantinho da sala. Acendo suas luzes, sua estrela-ponteiro e saboreio sua beleza nobre e todo seu encantamento.

Ela é assim, linda e encantada.

E fico recordando… perdida em pensamentos. Quando chega novembro todas as casas, todos os comércios, ruas, praças e avenidas se iluminam de forma diferente, mágica até. Toda sala instala sua garbosa árvore.

E como num passe de mágica, a maioria das pessoas absorvem das luzes coloridas natalinas e tornam-se mais gentis, cordiais e tolerantes.

Há os que reclamam, é claro, dizendo que tudo não passa de comércio, consumismo desvairado. Mas também não há como negar que, até os resmungões, ficam mais gentis. Que até eles enfeitam suas árvores e esperam por presentes.

Cantarolo baixinho a antiga canção: “Há sorriso em cada face…Todo mundo é mais gentil…”

Termino meu café e começo a árdua tarefa de “despir” minha garbosa árvore de Natal.

E aos poucos ela vai ficando sem seus adornos, sem seu brilho e ostentação. Até não haver mais nada do que ela mesma, verde e singela.

Então penso que assim como minha árvore, as pessoas também tiram seus brilhos, seus adornos natalinos, que considero sendo a gentileza e tolerância. Entretanto, diferente da árvore que volta para sua humildade e singeleza, as pessoas voltam a ser rudes, grosseiras e intolerantes.

Apesar de todo o significado embutido no esplendor da árvore de Natal, as pessoas não assimilam o fato de que ela se enfeita e brilha para comemorar o nascimento de Jesus, a Luz do Mundo, Aquele que foi a encarnação do Amor, exemplo de sacrifício, tolerância e perdão.

Enfim, o ano se inicia e vamos vivê-lo da melhor forma possível, até que novamente chegue dezembro e possamos dizer: “Enfim é Natal!”

Crônicas

A Música

Então é assim, ela vem de mansinho…Dó, ré, mi…

E vai tomando forma e formas.

Sol, lá, si…

Como a neblina, suave e fina cobre a grande montanha, envolvendo-a completamente, sem rota de fuga, assim é a música. Não qualquer música, mas a música que nasceu no coração de um poeta, de um artista, um escultor.
Poeta porque consegue juntar com sentimento e delicadeza, notas tão singelas e simples, de tal forma e com tal talento que ela nos fala, sem dizer uma só palavra, e nos faz entender e sentir coisas que nenhuma palavra poderia expressar.
Artista porque o que dizem essas notas é Belo, na sua simplicidade e complexidade. Possui as cores tranquilas de um pôr do sol, ou as penumbras de uma solidão. O assovio de um passarinho, o ribombar de um trovão! E juntando as pequenas e simples notinhas cria cenários, viagens, grandes quadros que nos levam ao mundo mágico e fantástico da nossa imaginação. Transportam nossa mente a um lugar único e particular, onde encontramos nossa própria alma, que transborda em emoção e deleite.
Escultor… Com destreza e com habilidade de um artesão, com essas mesmas simples notas musicais, constrói valentes, desbravadores intrépidos, verdadeiras sagas heroicas. Mas também entalham a suavidade de um amor maternal, o idílio dos amantes e até mesmo os folguedos de uma criança.

Que seria do mundo sem a música?!

Não a música vulgar e inexpressiva, que não constrói e tampouco toca o coração.
Que seria do mundo sem a música?!

Provavelmente a montanha por ausência da neblina, se tornaria árida e desolada, e o mundo sem a música se tornaria insensível e cruel.

Música é vida. Música é um país distante do qual temos saudades, mas que podemos visitar quando desejarmos. Basta fechar os olhos e ouvir a melodia.
Deixar que ela nos transporte em seus acordes, fazendo-nos sonhar em sua harmonia, pensar com sua santidade, arrepiar-nos com sua pujança, chorar com sua melancolia, rir e dançar com sua alegria.

Amo a música. Ela é uma doce e compreensível amiga. É também a Pátria dos sensíveis, apaixonados… dos sonhadores! !!

Quando se está alegre, e o coração quer gritar, explodir, é a música que consegue traduzir toda emoção que o pequeno órgão pulsante não consegue exprimir. E ela vem volumosa, como um rio caudaloso em época de monções, ocupando espaços, mudando a paisagem, fecundando a terra. Toca a todos que a ouvem e faz com que todos compreendam a alegria do pequeno coração que a cantou!

Se por outro lado é a tristeza que chega, de mansinho, sorrateiramente ou bruscamente como uma mudança drástica no tempo, transformando o céu azul sereno em cinza escuro de borrascas. E chegando assim, a dor do sofrimento comprime o peito, espreme a alma até que os olhos transformem em lágrimas o dolorido momento, e elas transbordem, anuviando a vista e nublando o coração.

Então, é a música que consegue acalmar o coração dolorido, falando com ele uma linguagem de amor, trazendo esperança e estancando convulsões. Com ela, mesmo que o céu não seja anil, a tempestade não será tão desoladora. A música é a amiga que ouve, fala, traduz.

As crianças são suas melhores amigas, cantam, dançam o tempo todo. A música faz parte da essência de um petiz. Mesmo que, por alguma arte, fique sujeito a um castigo, logo verás a criança cantarolando, pois a música lhe fará companhia e lhe dará consolo durante a disciplina.

Assim é a música, inspira, transforma, conforta.

Dó, ré, mi… Sol, lá, si….

Que seria do mundo sem a música?

Um lugar desabitado pelo amor, poesia, paixão, romantismo, alegria e cor.
Amo a música!

A música que me conta história, que me faz rir, viajar, fala comigo e me comove. Estou bem certa desse amor pela música, e tenho certeza de ser correspondida.
E quando meus olhos se fecharem para sempre nessa dimensão terrena, se abrirão na dimensão celestial, onde a música habita eternamente em sua mais pura, simples e perfeita harmonia. Cantarei e dançarei as mais lindas melodias.

De tudo que se tem, conquista ou se aprende na Terra, somente a música nos seguirá para a eternidade. Tudo porque a música provém de Deus, é a linguagem dos anjos e toca o coração mortal do pecador. Como graça e dádiva divina, ensina sobre a eternidade ao coração finito.

Dó, ré, mi. ..Sol, lá, si. ..!!!

Não a maculem, não a transformem em barulho, não lhe impinjam sofrimentos distorcidos!
Deixá-la pura em sua essência, nos permitirá vislumbres do Paraíso, e a alegria constante da sua suave companhia!

Dó… ré… mi… Sol… lá… si.

Poesias

Barquinho de Papel

 

Como é bom dia de chuva,

Quanto mais forte melhor,

Pois assim eu consigo

Um barquinho bem veloz!

 

E daí que é de jornal,

Saquinho de pão ou revista?

Folha de caderno também serve.

O importante é que divirta!

 

E navega enxurrada abaixo

Levando a minha fantasia!

Eu desbravo novos mundos;

Sou enfim uma heroína!

 

Vai barquinho de papel,

Felicidade de toda criança!

Que apesar da forte chuva

Tem no peito a esperança!

Artigos

Educação – o X da questão

“A educação das crianças para Deus é o alvo mais importante feito na Terra. É o único alvo para o qual a Terra existe. Toda a política, toda a guerra, toda a literatura, toda a aquisição de dinheiro, deve ser subordinada a isso; e todo pai e mãe deve sentir, a cada hora do dia, que, ao lado de fazer seu próprio chamado e eleição, esta é a obrigação pela qual eles são mantidos vivos por Deus — esta é a sua obrigação na Terra.”

R. L. Dabney (1820-1898)