Crônicas

OLINDA DE SOUZA

Olinda de Souza, carinhosamente chamada por seu pai de Dude, apelido que contagiou sua mãe e irmãs, nasceu em Piracicaba, no dia 13 de junho de 1931, como um presente de Deus para sua mãe, que a recebeu no dia de seu aniversário.

Filha de Ângelo de Souza e Antônia Franco Barbosa, irmã de Venina, Zanira, Maria Helena, Leni, Dirce e Cecília, era a terceira filha do casal.

A família era de origem católica, apenas a mãe Antônia, filha de portugueses era praticante.

Teve uma infância feliz, num lar carinhoso, cheio de harmonia, onde a alegria predominava em brincadeiras e folguedos. Gostava de ir à escola com as irmãs e possuía uma linda caligrafia.

Seu pai, mestre de obras, adoeceu gravemente quando sua irmã caçula ainda era muito pequena. Felizmente, as filhas mais velhas, inclusive a alegre Dude, puderam assumir as responsabilidades do sustento da família. E, exceto pela doença do sr. Ângelo, continuou sua vida, superando as dificuldades, vendo em todas as circunstâncias um motivo para buscar o bom lado que ela apresentava.

Por essa época já estavam morando em Campinas.

Com orgulho, ela contava que trabalha como tecelã, numa fábrica têxtil e todos os envelopes que continham seu salário mensal eram entregues fechadinhos nas mãos do pai, que ela cria e respeitava como chefe do lar, o cabeça da família. E esse princípio ela levou consigo para a vida e o transmitiu para quem lhe desse oportunidade.

Aos 25 anos de idade, casou-se com Calistino Policarpo de Oliveira e acrescentou esse nome de família ao seu, passando a chamar-se Olinda de Souza Oliveira, já que agora ela e seu marido formavam um novo lar.

Muitos perguntam como foi que ela conheceu a Jesus e o aceitou como Senhor e Salvador. E isso é uma história particularmente interessante.

Seu marido, apesar da família ser crente, não era. Não frequentava igreja e o que ouvia do evangelho vinha principalmente de sua irmã Tereza, casada com o sr. Policarpo. Tereza e Policarpo eram os pais de Joel, Azor, Eunice e Débora.

Quando marcaram casamento Olinda e Calistino, de comum acordo, decidiram que seria numa igreja evangélica. Para que isso fosse possível, uma vez que nenhum dos dois eram crentes, contaram com a intercessão do sobrinho, que nessa época já era pastor e evangelista Joel Ferreira.

Pastor Joel recomendou à um colega que fizesse o casamento do tio Calistino com a srta. Olinda. Deixando claro a situação religiosa do casal. O pastor não perdeu a oportunidade, além de fazer o casamento, fez também uma exposição do plano de Salvação e ofertou uma Bíblia ao casal.

Calistino sentiu-se tocado e a partir daquela data, 28 de junho de 1956, tornou-se um novo homem, era agora um servo do Senhor.

Entretanto, Olinda não entendia muito sobre o acontecido e o interesse de seu marido por um livro de capa preta, ou as horas sentadas numa igreja, onde o pastor falava coisas que ela não entendia.

Com muita paciência, Calistino passou a ler e explicar as passagens bíblicas que aprendia. E ela se interessava por momentos assim com o esposo, pois era muito bom ouvi-lo.

Começaram a chegar as filhas, Marta, depois Miriam. Logo depois do nascimento da Miriam, mudaram-se para Guarapuava, no estado do Paraná.

E foi lá, que Deus tocou de maneira miraculosa o coração de Olinda.

Durante o parto da terceira filhinha, o quadro apresentou-se deveras perigoso. Assistida por uma doula da igreja que seu marido frequentava, d. Gercy, que traz para o pai a triste notícia de que seria um parto difícil, que somente um milagre poderia salvar mãe e filha. Depois de muitas horas de trabalho, nos quais Calistino com Marta e Miriam no seu colo, orava incessantemente por um milagre, teve suas preces atendidas. Miltes nasceu, passou por procedimentos de ressuscitação e por fim chorou, como Olinda mesma dizia, como um gatinho.

E com esse milagre, experimentado na própria vida, Olinda se rendeu ao Salvador Jesus. E num domingo festivo, foram batizados e fizeram a pública profissão de fé Calistino e Olinda, e batizadas as irmãs Policarpo, Marta, Miriam e Miltes. E esses pais crentes honraram a promessa de criar suas filhas diante de Deus, aprendendo sobre as sagradas escrituras e do amor incondicional de Jesus Cristo.

Olinda e Calistino frequentaram a Igreja Presbiteriana da Penha, Igreja Presbiteriana de Guarapuava, Igreja Presbiteriana de Ponta Grossa, Igreja Presbiteriana Independente de Vila Carrão e novamente, Igreja Presbiteriana da Penha. Sempre gostou de cantar e participou dos corais da Igreja Presbiteriana Independente de Vila Carrão e da Igreja Presbiteriana da Penha.

Porém, em 1973, quando a família morava na Vila Carrão, aprouve a Deus recolher seu servo. Olinda viu-se viúva, com três filhas adolescentes de 16, 15 e 13 anos. Mas foi aí que Deus se mostrou ainda mais amoroso e revelou-se o Pai Celestial. Cuidou dela e das filhas, honrando Suas Promessas de que nunca as abandonaria.

Depois de 10 anos, com suas filhas já adultas e em relacionamentos sérios, com rapazes crentes também, Olinda conheceu e contraiu novas núpcias com senhor Alair Alves da Silva, casamento que durou 39 anos. Homem crente, companheiro e que como ela, gosta de cantar. É o avô que os netos conhecem e o bisavô que os bisnetos conhecem e amam.

Suas filhas se casaram e a abençoaram com netos. Marta casou-se com Sérgio e lhe deu os netos, Renan Augusto, Anna Heloísa e Roberto Giovanni. Miriam casou-se com Ernesto, e lhe deu as netas Camila Andréa, Lídia Elisabeth e Raquel Helena. Miltes casou-se com Donizete e lhe deu os netos Juliana e Bruno Donizetti. São no total 8 netos, que a amam e respeitam.

As três netas, filhas da Miriam e Ernesto já se casaram e duas já lhe deram bisnetos. Camila casou-se com Flávio e lhe deu Valentina, Miguel, Isabel e Davi. Raquel casou-se com Álvaro e lhe deu Arthur, Laura, Alice e Levi. Lídia casou-se com Felipe. Assim Deus aumentou uma família, debaixo da Sua Suprema Vontade, enchendo o coraçãozinho dela de felicidade.

Agora, Olinda parte para o Lar Celestial. Está de volta à casa do Pai Amado. Antes de ser Seu pai, foi Seu Criador, Salvador, Redentor, Seu Deus Forte Provedor e de agora em diante é o Seu Pai da Eternidade, na eternidade.

Essa era a canção escolhida pela minha mãe a fim de que cantássemos todas as noites, antes de dormir, como uma oração.
“Divino Companheiro” (versão cantada por Diego e Romualdo).
Crônicas

Analogia do Relógio Analógico

O relógio, a ferramenta universal para marcar o tempo e organizar a vida de seu possuidor, é uma das mais antigas invenções humanas.

Podemos encontrá-lo nos pulsos dos homens, das senhoras e até das crianças. E nas torres das igrejas, nas salas públicas, sobre móveis nas casas, onde além da função principal servem como belos adereços. São, portanto, instrumentos de uso no pulso, bolso ou parede.

Quem não se emociona ao ouvir as badaladas do carrilhão de um relógio antigo?

Hoje, somou-se ao relógio analógico, o facilitador relógio digital, onde, sem dificuldades, qualquer criança pode identificar as horas.

Particularmente, sempre gostei de relógios e sua precisão mecânica, seus ajustes de funcionamento. O mistério que faz com que trabalhe sem parar, no mesmo ritmo, no mesmo compasso, e permite que pessoas de diferentes partes do mundo possam, de repente, estar absolutamente sincronizadas. Pois ele, se obtiver cuidado, manutenção e zelo, é um bem totalmente confiável!

E essa precisão misteriosa dos relógios analógicos cria uma perfeita analogia ao lar, seu funcionamento e dinâmica.

O lar, como o relógio, possui componentes de precisão e função definida. Cada um tem seu lugar certo, onde bem ajustado, atuará de modo que o Lar seja um local confiável!

Os relógios podem ser requintadíssimos, caríssimos. Com caixas de aço, ouro, cravejados de pedras preciosas ou fantasias. Pulseiras em ouro, aço, couro ou até em lenços coloridos. “Super fashionistas”! Lindos os relógios das torres, que quando marcam as horas, fazem ecoar suas longas badaladas!

E já repararam nos ponteiros?! Alguns, é bem verdade, são simples e despojados, mas temos os adornados, trabalhados no mais perfeito estilo “rococó”.

Independentemente de todo luxo ou simplicidade, o relógio será inútil se não funcionar a contento. Existe um ditado popular que diz: “Relógio que atrasa, não adianta!”

Se ele não suporta mais o conserto, para mais nada serve senão o descarte, ou desmonte para reaproveitamento das peças avulsas. O resto, descarte total!

Porém, independentemente da apresentação do relógio, se simples ou sofisticada; independentemente de onde fique, no pulso de uma criança ou no carrilhão da igreja, um item sempre passa despercebido aos olhos de seus admiradores, ou quem apenas o olha para consultar o tempo. Nesse pequeno item não há preocupação com adornos.

É o pino, que quando muito, recebe uma singela pedrinha na finalização. Porém é ele quem une os ponteiros, um ao outro e ambos ao maquinário.

Apesar de pequenino, diante da grandeza de todo o relógio, se não estiver bem ajustado e preciso, qual sua relevância?

Não pode ser nem mais fino, nem mais grosso, leve demais ou pesado, curto ou longo! Ele precisa ser absolutamente adequado para aquela função, ou seu desajuste não permitirá que o relógio funcione com precisão. Haverá discrepância no tempo e prejuízo para seu dono.

Nem pedras preciosas na sua finalização compensarão sua ineficiência!

Por analogia, assim deve ser o lar! Um relógio bem ajustado, confiável, que mostre as horas com precisão e os minutos valiosos da vida!

No ponteiro das horas vemos o pai, marido forte, seguro, robusto, que marca o tempo em seus estágios, trabalha firme para vencer a etapa de cada jornada.

Nos ponteiros dos minutos temos os filhos, estouvados, ligeiros, apressados, mas que nos mostram a todo instante que o tempo não espera por ninguém! Apenas segue…

Mas para que esses dois ponteiros se ajustem e funcionem há o pino!

Discreto, estável, equilibrado, ajustado! Nesse pino temos a mãe! Assim ela deve ser, e o lar será um lugar de conforto, alegria, paz, completamente ajustado, apesar das intempéries do tempo.

Se houver uma queda ou outro acidente qualquer que remova o pino do seu lugar, os ponteiros se confundem e o tempo é perdido.

Enquanto a mãe, como um pino não deixar o seu posto, com determinação abraçar sua função, orando por seu esposo e filhos, administrando com sabedoria as finanças do seu lar, curando as feridas físicas e emocionais dos seus “ponteiros”, gerenciando com sabedoria os bens da família, então haverá segurança, mesmo nas adversidades.

A mulher é o pino estável, equilibrado que fará do lar o relógio confiável para todos que procuram um referencial!

Hoje vemos com tristezas lares se tornando relógios digitais. São apenas funcionais, indistintos na sua função, impessoais nas suas interações. Porque descartado foi o pino central. Podem até ser bonitos, apresentarem certo requinte, mas não possuem a beleza individual, personalizada, singela ou sofisticada, da harmonia mágica dos ponteiros e do pino.

Lares analógicos são mais preciosos, são mais sensíveis! Infelizmente como os relógios, cada dia mais raros!

Mas não há relógio que não tenha conserto na mão do inventor!

Quanto à Família, lar é Projeto e Criação de Deus! Ele pode restaurá-la completamente.

O Eterno Deus é o Senhor do tempo. Ele pode consertar qualquer lar.  Pode trocar o maquinário, juntar ponteiros e pino, colocar de novo o Lar em sua função original. Testemunhar ao mundo do Seu grande amor!

Deus pode dar corações de carne aos corações endurecidos, firmar o pino central e ajustar os ponteiros para que eles desfrutem da simplicidade, da beleza, da harmonia que essa união proporciona, cada um na sua função, abençoando todos os que buscam uma referência confiável nesse mundo, que desperdiça tempo!

Por mais lares analógicos!

Crônicas

Agora somos mães

Quando vai chegando o Dia das Mães… 

Não vou entrar na velha e cômoda narrativa de que é apenas mais uma data, ou que é apenas uma estratégia de marketing para vender etc.

Primeiro, porque ofertar produtos para presentes é legítimo e legal. Segundo, porque a data é oficial. E quem não gosta de ganhar presentes?!

Ademais, o fato de pessoas discordarem da comemoração não mudará o fato de que a data existe, e é oficial.

Porém, se eu puder parar e refletir sobre o significado e a importância dessas datas, certamente não mudarei o mundo, mas posso transformar o “meu” mundo!

Então, no que concerne ao Dia das Mães, agradecida pelos presentes que recebo e grata a Deus por poder presentear, gosto de desfrutar da data, inclusive refletindo sobre o fato de ser mãe!

Nada melhor do que olhar para grandes mulheres que povoaram a história, principalmente por terem sido mães de quem foram.

Impressiona-me e inspira a sábia Joquebede. Uma mulher temente a Deus e que, apesar de escrava, tinha visão de contexto histórico, administração do lar e educação de filhos.

Gerou, protegeu e educou Moisés, o Legislador hebreu, um príncipe no Egito e o libertador de Israel.

Sendo mãe, como posso seguir o exemplo dessa mulher?

Como escrava, trabalhava fora!

Ohhh! Que grande novidade para aquelas mulheres que acham que para Deus há incompatibilidade dos afazeres do lar com o trabalho fora dele.

Infelizmente como escrava, Joquebede não era remunerada, mas trabalhava arduamente.

O que apenas acrescenta força e determinação ao seu caráter, pois não negligenciou, tampouco terceirizou a educação de seus filhos.

Mesmo sem ter conhecimento das ordens claras, anos mais tarde registradas por seu filho em Deuteronômio 11: 18-20 e, privada da liberdade civil, não se esquivou de educar suas crianças segundo a vontade do Deus verdadeiro, conforme o que aprendera dos patriarcas.

Só deixou Moisés tomar lugar no palácio egípcio, depois de garantir que o temor de Deus estivesse gravado em sua mente.

Então façamos assim…

Antes que nossos filhos sejam envolvidos pelos “Nilos” das filosofias ateias e marxistas das universidades; enquanto estão sob nossos cuidados, influência e dependência, vamos inculcar neles a Palavra de Deus, vamos testemunhar e falar para eles da fé que moveram nossos pais. Vamos “betumar” com a sabedoria do alto, a mente e o coração deles, de tal forma que não penetre nesse “cestinho” nem sequer a umidade do Nilo.

O cestinho de Moisés não foi colocado no Nilo caudaloso e traiçoeiro, mas na região mais calma e confiável.

Mas ainda assim, era o Nilo…

E esse rio sequer ofertou ameaça ao bebê, pois o trabalho de Joquebede fora eficiente.

Nenhuma filosofia anticristã, perversa, emburrecedora e alienante atingirá nossos filhos se formos diligentes como Joquebede.

Toda mãe sonha com o príncipe ou princesa que seus filhos poderão ser, mas nunca deixarão de ser escravos se ela não colocar a mão no “junco e betume”, tecer e impermeabilizar o “cestinho” de suas mentes para a formação do seu caráter.

E aí… Quer presente maior no Dia das Mães do que ver seus filhos se levantando e chamando-a de “Bem-aventurada”?!

 


 

Crônicas

Amizades

Como surgem as amizades? — Não sei!

Como surgem as amizades? — Não sei!

Como sabê-las verdadeiras? — Não sei…

O eco responde: “Não há como sabê-las verdadeiras!”

Você terá que vivê-las, experimentá-las, sofrê-las!

Então você descobre que a decisão é toda sua: Ser Amigo!

Então SEJA!

E nesse contexto surge a poesia…

Amizades surgem assim… Decisão em ser amigo!

E ao se decidir, empenhe o que tens de melhor: seu caráter, sua fidelidade, sua têmpera, sua disposição, sua lealdade!

E não desanimes, no entanto, quando a decepção chegar. Quando por manipulação usarem seu talento, suas ideias, e tentarem insidiar-se nos seus pensamentos!

Somente lamente… o final da amizade!

Não por você, mas pelo “amigo” corrompido.

Sabendo, entretanto, que a experiência o fez maior, melhor e mais prudente!

Leve consigo para sempre, o fato mais triste da história: o maior traidor, ao trair, foi chamado de: “Amigo!”

Crônicas

A ESTRELINHA FUJONA

Um Conto de Natal

Aconteceu numa linda cidadezinha, pequena que mais lembrava uma vila. Ali todos se conheciam, e, como todo lugar onde todos se conhecem, as amizades e as desavenças aconteciam na mesma proporção.

O que fazia com que a paz e a prosperidade continuassem existindo era o espírito de perdão que habitava o coração daqueles moradores.

Na cidade havia apenas uma escola, uma delegacia, um posto de saúde, e uma linda igreja na pradaria. A igreja ficava lotada nos cultos aos domingos e o pastor Neemias sempre trazia bons sermões falando do sacrifício de Jesus, do arrependimento pelos pecados e do perdão de Deus, que nos transforma em seus filhos amados.

O Natal se aproximava, e já era possível sentir no ar da cidade a alegria contagiante e festiva. A prefeitura incentivava a decoração das casas e a cidade se transformava num verdadeiro cartão postal, sem neve, pois ela não cai em um país tropical.

Sara, a professora da Escola Dominical, era uma senhora que pertencia a uma das famílias mais antigas da cidade. Era casada com Augusto, presbítero da igreja, e mãe de Sílvia, Anita, Carolina e o pequeno Josué.

No primeiro dia de dezembro, Augusto buscou no sótão a grande caixa com os enfeites do pinheiro de Natal e deixou sobre a mesa da sala. Naquele sábado à noite, a família reunida enfeitou o lindo pinheirinho!

Na segunda feira, quando Sara foi ao mercado do senhor Guilherme, não resistiu e comprou um lindo enfeite para a árvore. Era uma novidade, uma linda estrela que, conforme anunciava na caixa, tinha um brilho que aumentava gradualmente, até iluminar todo um aposento e suas cores variavam suavemente. Ela não resistiu e levou uma para substituir o antigo ponteiro, afinal o pequeno Josué havia derrubado e estava um pouco avariado, apesar de muito bonito ainda.

Na caixa havia a recomendação de depois de usada, a bateria deveria ser retirada, antes de se guardar o enfeite.

À noite, depois do jantar, Sara chamou a família e apresentou a novidade e todos ficaram felizes com a substituição.

Aquele Natal foi especial para a família, principalmente durante a ceia, pois toda luz que iluminava a sala era a do pinheirinho com seus pisca-piscas e sua linda estrela brilhante.  Foi maravilhoso cantar as canções natalinas e relembrar o presente divino, além da deliciosa comida preparada por Sara.

Bem o Natal passou e chegou a hora de desmontar a árvore e guardar os enfeites.

Mas algo inusitado aconteceu… E se passava no mundo dos enfeites.

A nova estrela havia avisado aos demais companheiros de decoração que não iria voltar para a caixa de papelão. Todos estavam preocupados com a decisão tomada pela Estrelinha. O Anjo de Vidro tentou argumentar que não seria seguro ela ficar sozinha, e que não era natural. A Bolinha Dourada disse que o repouso depois de tantas comemorações era recomendado. A Nevezinha de glitter disse que ela era muito nova, insensata nessa decisão. Não era permitido aos enfeites de Natal, passarem o ano fora de suas caixas.

Mas tudo o que a Estrelinha dizia é que eles eram tolos em voltarem para suas caixas e só saírem depois de um ano. Ela iria aproveitar o ano todo daquelas alegrias e festas humanas. Como eles nunca haviam pensado nisso?! Por acaso não gostavam do Natal?! Ou dos humanos?! “Olhem quanta alegria vocês estão perdendo!”, argumentava a Estrelinha.

Finalmente, quando Sara terminou de guardar todos os enfeites deu por falta da Estrelinha e ficou muito chateada. Procurou por toda parte e não a encontrou. A caixa levou uma semana para retornar ao sótão, na esperança de encontrarem a estrelinha perdida.

No seu esconderijo, a Estrelinha se preparava para um ano de festas, alegrias, muito risos e música.

Mas os meses foram passando e nada do esperado acontecia.

Havia muitos dias alegres, mas alguns muito tristes e ela não conseguia entender a razão.

Um dia ela presenciou Anita e Carolina gritando uma com a outra. Sara precisou falar asperamente com elas e depois levou cada uma para o quarto, avisando que seriam corrigidas e ela não toleraria mais aquela atitude.

Muito tempo depois, elas tornaram a gritar, parece que por outro motivo, e foram novamente para o lugar que a Estrelinha passou a temer, que chamavam “o quarto”.

Sílvia também foi severamente repreendida, porque chegou muito tarde de um aniversário, acompanhada de um jovem, novo na cidade, que não cria e zombava dos valores religiosos da família.

Tudo isso deixava a Estrelinha confusa. Não entendia para onde havia ido toda aquela alegria de quando ela havia conhecido aquela família e fora morar com eles. O quanto os alegrara com seu brilho.

Às vezes, havia festa e isso gerava esperança na pequena estrela. Eram aniversários dos membros da família, ou então reunião onde eles liam um livro, chamado Bíblia, cantavam e oravam.

Ela aprendeu a gostar imensamente dessas ocasiões, havia muita alegria entre todos. Palavras de conforto, segurança em alguém chamado Jesus. Esperança de sua volta. Ela aprendeu que Jesus era a pessoa mais importante naquela cidade e alguém aguardado, pois era um Rei.

Certa vez ela ficou muito confusa. Numa visita do pastor e algumas pessoas da igreja, onde cantaram e oraram, o pastor, depois de ler a Bíblia, falava que Jesus havia morrido e antes de morrer padeceu muita dor. Ela ouvia tudo de seu esconderijo, com vontade de chorar. Então o pastor falou de sua ressurreição, que ele estava vivo e que voltaria em breve. O que encheu de esperanças a estrelinha, que também começou a ficar ansiosa para receber Jesus.

A assim o ano foi passando e a Estrelinha se acostumando com os dias diferentes que se sucediam.  Às vezes semanas difíceis, onde havia muita tristeza, como quando faleceu a querida tia Clotilde. Ela era uma visita sempre bem-vinda, pois trazia doces, que ela mesma fazia para as crianças, e cortes de tecido para Sílvia e Sara.

Houve um dia muito especial. Aconteceu em novembro. Sílvia se formou em Direito. Seu pai sempre dizia que ela seria uma brilhante advogada. Foi um dia de festa e ela ganhou um lindo anel de formatura.

Por fim chegou dezembro. A estrelinha percebeu, porque notou uma mudança no ar. Uma alegria contagiante entre todos os membros da família.

Numa reunião de leitura bíblica, que a Estrelinha já percebera que acontecia toda quinta feira, o pastor falou da proximidade do Natal, da data do nascimento de Jesus, e que eles comemorariam com muita alegria.

A Estrelinha ficou exultante, pois estava naquele esconderijo há um ano. Iria voltar para o pinheirinho decorado e rever seus amiguinhos. Havia tanta coisa para contar.

Nesse momento olhou para si mesma e nem se reconheceu. Estava escurecida, coberta de poeira e uma aranha havia feito sua casa entre uma ponta e outra da estrela.

Ficou desesperada, como voltaria para a árvore?! Seria a vergonha do Natal!

Uma manhã viu senhor Augusto colocar a grande caixa de enfeites sobre a mesa. À noite viu a família reunida enfeitando o pinheirinho e a alegria que tomou conta daquele lar, que havia passado por momentos tão extremos durante todo o ano. Quanta esperança havia naqueles rostos, até o pequeno Josué batia palminhas olhando as luzes piscando.

E ela não podia participar e estava envergonhada da sua situação. Ainda ouviu Sara comentar como sentia a falta daquela estrela especial. Não havia mais no mercado, pois era importada, seja lá o que isso significava, ela entendeu que era única. Sara se sentiu feliz por não ter se desfeito do velho ponteiro, machucado pelo bebê. Agora ele fazia seu melhor na ponta do pinheirinho.

Quando todos foram dormir, ela tentou conversar com seus colegas, mas estava muito fraca, apenas a pequenina Bola Prateada a viu e conversou com ela. Soube de seu infortúnio e da tristeza de não estar na árvore.

Então a Bola Prateada deu um conselho. Amanhã, quando todos forem dormir e a Sara apagar as luzes, use todas as suas forças para brilhar o mais que puder, ela a verá nessa fresta e a resgatará.

E a Estrelinha fez assim.

Não foi fácil, suas baterias estavam muito fracas. Mas brilhou como nunca e a Sara viu aquele brilhinho num buraquinho da parede. Foi até lá pensando que era um vagalume, mas acabou acordando todos da casa, pois havia achado sua preciosa Estrelinha.

Todos se alegraram! No dia seguinte ela foi ao mercado e comprou baterias novas. Que funcionaram maravilhosamente e, depois de uma limpeza, garantiram à estrelinha fujona o lugar de destaque na árvore. Mas algumas manchas não saíram, marcando para sempre a experiência daquela estrelinha.

Na noite de Natal, porém, ela brilhou mais que da primeira vez. Todos acharam que era a bateria nova. Mas os enfeites todos sabiam, que aquela não era a mesma Estrelinha do ano anterior. Ela contou para todos o que aprendera durante o ano todo. E que a cada Natal iria brilhar como nunca, pois eles simbolizavam a esperança da volta do Rei que aniversariava naquele dia.

Ela aprendeu a lição, não seria desobediente, descansaria durante o ano e depois cumpriria a sua missão de brilhar intensamente, dando ao Rei Jesus um Feliz Natal!


Bem, não somos estrelinhas, que iluminam, brilham e alegram apenas no Natal de Jesus. 

Somos mais que elas, e Jesus espera que iluminemos a vida das pessoas, levando-as ao conhecimento do Seu amor, Sua Salvação e enchê-las da esperança da Sua volta.

Jesus disse: “Vós sois a luz do mundo” Mateus 5:14.

Então, não podemos ficar em frestinhas escuras, mas vamos brilhar!!!


 

Aos

Meus queridos

Sérgio, Renan, Helô e Roberto,

Um conto para vocês se distraírem, quando as coisas estiverem um pouco tristes.

Levem durante todo o ano o brilho de esperança da Estrelinha do Natal e brilhem também, com todo coração!

Marta (The Mom)

Crônicas

A Árvore de Natal e As Pessoas

Chegou o dia da querida árvore de Natal voltar para sua “casa”, a caixa de papelão.

Acordo bem cedo e, enquanto a casa ainda está silenciosa, preparo meu café e vou tomá-lo na sala, em frente dela.

Aproveito os últimos minutos, antes de o sol penetrar em minha casa, iluminando cada cantinho da sala. Acendo suas luzes, sua estrela-ponteiro e saboreio sua beleza nobre e todo seu encantamento.

Ela é assim, linda e encantada.

E fico recordando… perdida em pensamentos. Quando chega novembro todas as casas, todos os comércios, ruas, praças e avenidas se iluminam de forma diferente, mágica até. Toda sala instala sua garbosa árvore.

E como num passe de mágica, a maioria das pessoas absorvem das luzes coloridas natalinas e tornam-se mais gentis, cordiais e tolerantes.

Há os que reclamam, é claro, dizendo que tudo não passa de comércio, consumismo desvairado. Mas também não há como negar que, até os resmungões, ficam mais gentis. Que até eles enfeitam suas árvores e esperam por presentes.

Cantarolo baixinho a antiga canção: “Há sorriso em cada face…Todo mundo é mais gentil…”

Termino meu café e começo a árdua tarefa de “despir” minha garbosa árvore de Natal.

E aos poucos ela vai ficando sem seus adornos, sem seu brilho e ostentação. Até não haver mais nada do que ela mesma, verde e singela.

Então penso que assim como minha árvore, as pessoas também tiram seus brilhos, seus adornos natalinos, que considero sendo a gentileza e tolerância. Entretanto, diferente da árvore que volta para sua humildade e singeleza, as pessoas voltam a ser rudes, grosseiras e intolerantes.

Apesar de todo o significado embutido no esplendor da árvore de Natal, as pessoas não assimilam o fato de que ela se enfeita e brilha para comemorar o nascimento de Jesus, a Luz do Mundo, Aquele que foi a encarnação do Amor, exemplo de sacrifício, tolerância e perdão.

Enfim, o ano se inicia e vamos vivê-lo da melhor forma possível, até que novamente chegue dezembro e possamos dizer: “Enfim é Natal!”

Crônicas

A Música

Então é assim, ela vem de mansinho…Dó, ré, mi…

E vai tomando forma e formas.

Sol, lá, si…

Como a neblina, suave e fina cobre a grande montanha, envolvendo-a completamente, sem rota de fuga, assim é a música. Não qualquer música, mas a música que nasceu no coração de um poeta, de um artista, um escultor.
Poeta porque consegue juntar com sentimento e delicadeza, notas tão singelas e simples, de tal forma e com tal talento que ela nos fala, sem dizer uma só palavra, e nos faz entender e sentir coisas que nenhuma palavra poderia expressar.
Artista porque o que dizem essas notas é Belo, na sua simplicidade e complexidade. Possui as cores tranquilas de um pôr do sol, ou as penumbras de uma solidão. O assovio de um passarinho, o ribombar de um trovão! E juntando as pequenas e simples notinhas cria cenários, viagens, grandes quadros que nos levam ao mundo mágico e fantástico da nossa imaginação. Transportam nossa mente a um lugar único e particular, onde encontramos nossa própria alma, que transborda em emoção e deleite.
Escultor… Com destreza e com habilidade de um artesão, com essas mesmas simples notas musicais, constrói valentes, desbravadores intrépidos, verdadeiras sagas heroicas. Mas também entalham a suavidade de um amor maternal, o idílio dos amantes e até mesmo os folguedos de uma criança.

Que seria do mundo sem a música?!

Não a música vulgar e inexpressiva, que não constrói e tampouco toca o coração.
Que seria do mundo sem a música?!

Provavelmente a montanha por ausência da neblina, se tornaria árida e desolada, e o mundo sem a música se tornaria insensível e cruel.

Música é vida. Música é um país distante do qual temos saudades, mas que podemos visitar quando desejarmos. Basta fechar os olhos e ouvir a melodia.
Deixar que ela nos transporte em seus acordes, fazendo-nos sonhar em sua harmonia, pensar com sua santidade, arrepiar-nos com sua pujança, chorar com sua melancolia, rir e dançar com sua alegria.

Amo a música. Ela é uma doce e compreensível amiga. É também a Pátria dos sensíveis, apaixonados… dos sonhadores! !!

Quando se está alegre, e o coração quer gritar, explodir, é a música que consegue traduzir toda emoção que o pequeno órgão pulsante não consegue exprimir. E ela vem volumosa, como um rio caudaloso em época de monções, ocupando espaços, mudando a paisagem, fecundando a terra. Toca a todos que a ouvem e faz com que todos compreendam a alegria do pequeno coração que a cantou!

Se por outro lado é a tristeza que chega, de mansinho, sorrateiramente ou bruscamente como uma mudança drástica no tempo, transformando o céu azul sereno em cinza escuro de borrascas. E chegando assim, a dor do sofrimento comprime o peito, espreme a alma até que os olhos transformem em lágrimas o dolorido momento, e elas transbordem, anuviando a vista e nublando o coração.

Então, é a música que consegue acalmar o coração dolorido, falando com ele uma linguagem de amor, trazendo esperança e estancando convulsões. Com ela, mesmo que o céu não seja anil, a tempestade não será tão desoladora. A música é a amiga que ouve, fala, traduz.

As crianças são suas melhores amigas, cantam, dançam o tempo todo. A música faz parte da essência de um petiz. Mesmo que, por alguma arte, fique sujeito a um castigo, logo verás a criança cantarolando, pois a música lhe fará companhia e lhe dará consolo durante a disciplina.

Assim é a música, inspira, transforma, conforta.

Dó, ré, mi… Sol, lá, si….

Que seria do mundo sem a música?

Um lugar desabitado pelo amor, poesia, paixão, romantismo, alegria e cor.
Amo a música!

A música que me conta história, que me faz rir, viajar, fala comigo e me comove. Estou bem certa desse amor pela música, e tenho certeza de ser correspondida.
E quando meus olhos se fecharem para sempre nessa dimensão terrena, se abrirão na dimensão celestial, onde a música habita eternamente em sua mais pura, simples e perfeita harmonia. Cantarei e dançarei as mais lindas melodias.

De tudo que se tem, conquista ou se aprende na Terra, somente a música nos seguirá para a eternidade. Tudo porque a música provém de Deus, é a linguagem dos anjos e toca o coração mortal do pecador. Como graça e dádiva divina, ensina sobre a eternidade ao coração finito.

Dó, ré, mi. ..Sol, lá, si. ..!!!

Não a maculem, não a transformem em barulho, não lhe impinjam sofrimentos distorcidos!
Deixá-la pura em sua essência, nos permitirá vislumbres do Paraíso, e a alegria constante da sua suave companhia!

Dó… ré… mi… Sol… lá… si.